ATA DA DÉCIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 23.03.1994.

 


Aos vinte e três dias do mês de março do ano de mil novecentos e noventa e quatro reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Décima Quinta Sessão Ordinária da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Primeira Legislatura. Às quatorze horas foi realizada a chamada , sendo respondida pelos Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Clênia Maranhão, Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Divo do Canto, Eliseu Santos, Eloi Guimarães, Fernando Zachia, Geraldo de Matos Filho, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, Jair Soares, João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Lauro Hagemann, Luiz, Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Nereu D’Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Wilton Araújo, Letícia Arruda e João Bosco. A seguir, constatada a existência “quorum” o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Décima Quarta Sessão Ordinária, que foi aprovada. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 01/94, da Câmara Municipal de Sant’Ana do Livramento, 02/94, da Câmara Municipal de Osório, 03/94, da Câmara Municipal de Campo Bom, 88/94, da Fundação de Economia e Estatística, FEE, 94/94, do Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, 179/94, da Câmara Municipal de Uberlância, s/nº, do Senhor Vice-Prefeito Municipal de Porto Alegre, Raul Pont, e 144/94, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; Convites: da Fundação de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinária, para o Simpósio “Avicultura no Mercosul”, a realizar-se no dia trinta e um do corrente mês, do Comitê Porto Alegre Contra a Fome, chamando para uma reunião no próximo dia vinte e três, às dezessete horas, no Plenário da Assembléia Legislativa do Estado, da Prefeitura de Porto Alegre, para a abertura do Programa Guaíba Vive, na Usina do Gasômetro e encaminhando a programação de eventos da 35ª Semana de Porto Alegre, da EMATER/RS, para participar da Tarde de Campo sobre Estufa-Sementeira, no dia oito de abril, no Lami. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Eliseu Santos, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Giovani Gregol, 01 Projeto de Lei do Legislativo n° 23/94 (Processo nº 678/94); pelo Vereador Isaac Ainhorn, 01 Indicação nº 11/94 (Processo nº 665/94); pelo Vereador João Dib, 02 Pedidos de Providências e 01 Pedido de Informações nº 22/94 (Processo nº 688/94); pelo Vereador Luiz Negrinho, 06 Pedidos de Providências. Ainda, foi deferido pelo Senhor Presidente o Requerimento de desarquivamento do Projeto de Lei do Legislativo nº 133/93, por solicitação do Vereador Wilton Araújo. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 07 e 12/94, e o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 03/94; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 131 e 151/93, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 05 e 06/94, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 31/93, e o Projeto de Lei do Executivo nº 15/94; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei Complementar de Legislativo nºs 01 e 02/94 e o Projeto de Lei do Executivo nº 16/94. Após, o Senhor Presidente informou que o GRANDE EXPEDIENTE da presente Sessão seria destinado a homenagear a passagem dos vinte e cinco anos da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, EBCT, nos termos do Requerimento nº 71/94 (Processo nº 530/94), aprovado pela Casa, de autoria do Vereador Luiz Braz, registrando a presença, na Mesa dos trabalhos, do Doutor Jorge Celso Gobbi, Diretor Regional da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, EBCT, e do Doutor João Carlos Vasconcelos, Diretor-Presidente da Empresa Porto-Alegrense de Turismo, EPATUR, representando, nesta solenidade, o Senhor Prefeito Municipal. Em continuidade, solicitou ao Vereador Airto Ferronato que assumisse a presidência dos trabalhos, a fim de que pudesse se manifestar. Após, o Vereador Luiz Braz, como proponente da homenagem e em nome da Casa, congratulou-se com a EBCT, falando sobre a criação e o crescimento dessa empresa que, através de uma atuação responsável e coerente, vem atingindo os mais diversos recantos do País. Destacou a eficiência dos serviços oferecidos pela EBCT à comunidade, destacando ser ela um exemplo para qualquer órgão, público ou privado, da economia brasileira. A seguir, o Vereador Luiz Braz reassumiu a presidência dos trabalhos e concedeu a palavra ao Doutor Jorge Celso Gobbi, que agradeceu a homenagem prestada pela Casa, discorrendo sobre a abrangência dos serviços oferecidos pela EBCT, sempre na busca da melhor qualidade e do melhor atendimento da população. Também, registrou a inauguração, hoje, de uma agência de correios junto a este Legislativo Municipal. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para a inauguração da nova agência da EBCT, nesta Casa, e suspendeu os trabalhos às quatorze horas e vinte e seis minutos, nos termos regimentais, sendo os mesmos reabertos, constatada a existência de “quorum”, às quatorze horas e cinqüenta e seis minutos, iniciando-se a ORDEM DO DIA. Em Renovação de Votação Nominal foi rejeitado o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 28/90, em sua parte vetada, considerando-se aceito o Veto Parcial a ele aposto, por quinze Votos SIM contra dezesseis Votos NÃO, após ter sido encaminhado à votação pelos Vereadores Pedro Ruas, João Dib, Clóvis Ilgenfritz e Maria do Rosário, tendo votado Sim os Vereadores Airto Ferronato, Clênia Maranhão, Eloi Guimarães, Fernando Zachia, Geraldo de Matos Filho, Lauro Hagemann, Mário Fraga, Maria do Rosário, Nereu D’Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Wilton Araújo, Letícia Arruda, Isaac Ainhorn e João Bosco e votado Não os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Jair Soares, Divo do Canto e Eliseu Santos. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 01/93, com ressalva das Emendas a ele apostas, por vinte e cinco Votos SIM contra cinco Votos NÃO, após ter sido discutido pelos Vereadores Eloi Guimarães, João Dib, Luiz Negrinho e Guilherme Barbosa e encaminhado à votação pelo Vereador Décio Schauren, tendo votado Sim os Vereadores Airto Ferronato, Clênia Maranhão, Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Eliseu Santos, Fernando Zachia, Geraldo de Matos Filho,Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Nereu D’Ávila, Pedro Ruas, João Bosco, Divo do Canto e Letícia Arruda, votado Não os Vereadores Eloi Guimarães, João Dib, Jair Soares, Pedro Américo Leal e Wilton Araújo e tendo sido, este Projeto, submetido à votação nominal por solicitação do Vereador Luiz Braz. Ainda, com relação ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 01/93 foram aprovadas as Emendas nºs 01, 02 e 06, estas votadas em bloco, 03 e 04, esta por dezessete Votos SIM contra quatorze Votos NÃO, tendo votado Sim os Vereadores Airto Ferronato, Clênia Maranhão, Décio Schauren, Eliseu Santos, Eloi Guimarães, Fernando Zachia, Geraldo de Matos Filho, Isaac Ainhorn, Jair Soares, João Dib, Jocelin Azambuja,Mário Fraga, Nereu D’Ávila, Pedro Américo Leal, Wilton Araújo, Letícia Arruda e João Bosco, votado Não os Vereadores Clóvis Ilgenfritz, Divo do Canto, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá,Henrique Fontana, João Motta, João Verle, José Gomes, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário e Pedro Ruas, e tendo sido, esta Emenda, submetida à verificação de votação por solicitação do Vereador Wilton Araújo, após ser rejeitada em sua primeira votação. Ainda, com relação a este Projeto, foi rejeitada a Emenda nº 05, por oito Votos SIM contra vinte e um Votos NÃO, tendo votado Sim os Vereadores Eliseu Santos, Eloi Guimarães, Geraldo de Matos Filho, Isaac Ainhorn, Jair Soares, João Dib, Letícia Arruda e Joaõ Bosco, votado Não os Vereadores Airto Ferronato, Clênia Maranhão, Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Divo do Canto, Fernando Zachia, Giovani Gregol, Helena Bonumá, Henrique Fontana, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do rosário, Luiz Negrinho, Nereu D’Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas e Wilton Araújo e tendo sido, esta Emenda, submetida à verificação de votação por solicitação do Vereador Isaac Ainhorn, após ter sido também rejeitada em sua primeira votação. Na ocasião, o Senhor Presidente apregoou a Emenda nº 02, de autoria do Vereador Nereu D’Ávila, ao Projeto de Lei do Legislativo nº 127/93. A seguir, foi adiada por duas Sessões a discussão do Projeto de Lei do Legislativo nº 127/93, a Requerimento aprovado do Vereador Nereu D’Ávila. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 147/93, com a Emenda nº 01 a ele aposta. Em continuidade, os trabalhos foram regimentalmente suspensos às dezesseis horas e três minutos para realização de reunião conjunta das Comissões Permanentes. Às dezesseis horas e vinte e oito minutos, constatada a existência de “quorum”, foram reabertos os trabalhos, reiniciando-se a Ordem do Dia. A seguir, o Senhor Secretário apregoou ofício do Vereador Milton Zuanazzi informando que sua Excelência encontrar-se-á ausente desta Casa dos dias vinte e três a vinte e cinco de março do corrente ano por estar participando de um encontro da União de Vereadores do Estado do Rio Grande do Sul em Capão da Canoa. A seguir, foram aprovados os seguintes Votos de Congratulações: do Vereador Eliseu Santos com o Hospital Mãe de Deus pela inauguração de seu novo e moderno centro cirúrgico;do da Vereadora Clênia Maranhão, com a Associação de Jornalistas e Escritores do Brasil pela realização de sua X Assembléia Geral Nacional; do Vereador Jocelin Azambuja com a Escola Estadual de 1º Grau Souza Lobo, pelo transcurso de seu aniversário, com o Hospital Banco de Olhos de Porto Alegre pelo transcurso de seu aniversário; do Vereador Pedro Ruas com o Senhor Renato da Costa Figueira por sua eleição para Vice-Presidente de Conselho Seccional da Ordem dos Advogados da Brasil, Secção do Rio Grande do Sul. A seguir foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Vereador Divo do Canto solicitando seja convidado a comparecer a esta Casa o Senhor Marco Aurélio Dornelles, Presidente da Asssociação Médica de Acupuntura do Rio Grande do Sul, com o objetivo de discorrer sobre a importância do atendimento através da Medicina Alternativa aos idosos do Município; do Vereador José Gomes, de Moção de Repúdio às declarações do Almirante Arnaldo Leite Pereira, Ministro-Chefe do Estado Maior das Forças Armadas, que insinuam um autogolpe e forçam uma crise institucional entre os Poderes da República, solicitando seja oficiado o Presidente da República, o Presidente da Câmara dos Deputados e os Líderes das Bancadas dessa Casa. Em Votação Nominal, foi aprovado Requerimento do Vereador Guilherme Barbosa solicitando Moção de Apoio à continuidade dos programas de jornalismo da Rádio Guaíba no período da tarde, por vinte Votos SIM e três ABSTENÇÕES, tendo Votado Sim os Vereadores Airto Ferronato, Clênia Maranhão, Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Divo do Canto, Eliseu Santos, Eloi Guimarães, Geraldo de Matos Filho, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, Jair Soares, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Lauro Hagemann, Nereu D’Ávila, Pedro Ruas, tendo optado pela Abstenção os Vereadores João Dib, Mário Fraga e Pedro Américo Leal. O supra referido Requerimento foi encaminhado à votação pelo Vereador Guilherme Barbosa. Durante a Ordem do Dia foram aprovados, ainda, os seguintes Requerimentos solicitando dispensa das Redações Finais dos seguintes Projetos: do Vereador João Verle, com relação ao Projeto de Lei do Legislativo nº 147/93; do Vereador Décio Schauren, com relação ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 01/93. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador José Gomes criticou a posição do Governo do Estado ao envolver o PT no episídio do afastamento de soldados da Brigada Militar por reivindicações atinentes as suas condições de trabalho. Falou sobre a excessiva carga-horária desses soldados, lembrando a ocorrência de policiamento privado feito por soldados da Brigada Militar em residências de oficiais. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Pedro Américo Leal referiu-se ao pronunciamento do Vereador José Gomes, registrando a honra de ter ministrado diversos cursos de formação na Brigada Militar. Declarou que ocorreu no interior da corporação uma “sublevação comandada”, dizendo que esse fato é excepcional na história militar gaúcha. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador João Motta, referindo-se ao caso dos brigadianos afastados de seus postos, disse que o ocorrido não é um motim e sim um descontentamento com as situações ruins de trabalho. Propôs, também, a abertura de espaço, nesta Casa, para a oitiva dos soldados afastados da Brigada Militar. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador José Gomes comentou criticamente o pronunciamento anterior do Vereador Pedro Américo Leal, declarando que na Brigada Militar existem dois pesos e duas medidas na avaliação de situações, lembrando casos que envolveram oficiais e tiveram um desenrolar diverso. Disse, ainda, que é fundamental o respeito aos direitos dos Policiais Militares para que estes também respeitem a cidadania. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Isaac Ainhorn registrou seu descontentamento com os temas municipais que são preteridos em favor de temas estaduais nas discussões desta Casa. Comentou notícia do “Jornal do 4º Distrito” que denuncia a ocorrência de diversas irregularidades na Escola Municipal Antônio Judice, inlcusive com a anuência e participação da direção dessa escola. Pediu esclarecimentos à bancada governista e apuração dos fatos realmente ocorridos. O Vereador Eloi Guimarães afirmou a disposição dos setores democráticos de combaterem as afirmações da possível “fujimorização” do Brasil, discorrendo sobre os atentados que vem ocorrendo ao Estado de Direito. Criticou a postura intransigente do Supremo Tribunal Federal em acrescer seus vencimentos, contrariando o espírito de reequilíbrio econômico nacional. Discorreu, ainda, sobre o fortalecimento e a unidade dos setores nacionais comprometidos com a democracia. Durante os trabalhos, o Vereador João Dib solicitou ao Senhor Presidente que constasse nos apontamentos taquigráficos, bem como na presente Ata, que a Bancada do PPR encontrava-se integralmente em Plenário no encerramento dos trabalhos. Às dezessete horas e quarenta e três minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz, Airto Ferronato e Clóvis Ilgenfritz e secretariados pelos Vereadores Wilton Araújo, Airto Ferronato e Pedro Ruas, estes dois como Secretários “ad hoc”. Do que eu, Wilton Araújo, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.           

 

 


(Obs.: A Ata digitada nos Anais é cópia fiel do documento original.)

 

 


O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 0440/94 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 007/94, do Ver. Henrique Fontana, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Herbert José de Souza - Betinho.

 

PROC. 0486/94 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 003/94, do Ver. Jocelin Azambuja, que altera o artigo 166 da Lei Complementar nº 284, de 27 de outubro de 1992.

 

PROC. 0572/94 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 012/94, do Ver. João Bosco, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Ademar Kehrwald.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 2953/93 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 151/93, do Ver. Divo do Canto, que autoriza o Executivo Municipal a criar o Centro de Atendimento ao Idoso, através da medicina alopata e alternativa, na rede municipal de saúde, e dá outras providências.

 

PROC. 2327/93 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 31/93, da Ver.ª Maria do Rosário, que oficializa o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher - COMDIM.

 

PROC. 0313/94 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 05/94, da Ver.ª Letícia Arruda, que autoriza o Município a criar o Centro Municipal de Estudos sobre as Drogas - CMED e dá outras providências.

 

PROC. 0314/94 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 06/94, da Ver.ª Letícia Arruda, que autoriza a criação de Creches Municipais Especiais para Crianças com Síndrome da Imunodeficiência Adquirida Congênita e dá outras providências.

 

PROC. 0524/94 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 15/94, que cria Cargos na Administração Centralizada.

 

PROC. 3025/93 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 131/93, do Ver. Antonio Hohlfeldt, que denomina Rua Rosa Maria Malheiros um logradouro irregular, localizado no Bairro Rubem Berta.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 0456/94 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 002/94, do Ver. Antonio Hohlfeldt, que regula o artigo 150 da Lei Orgânica Municipal e dá outras providências.

 

PROC. 0417/94 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº  001/94, do Ver. Isaac Ainhorn, que dá nova redação ao art. 2º da Lei Complementar nº 285, de 29 de dezembro de 1992.

 

PROC. 0541/94 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 016/94, que cria o Fundo Municipal de Apoio às Atividades de Segurança, Controle e Fluidez do Trânsito-FUNTRAN.

 

O SR. PRESIDENTE: Não há oradores inscritos em Pauta. Quero lembrar que hoje teremos uma homenagem ao aniversário da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, cujos diretores já se encontram presentes. Teremos hoje também a inauguração da agência dos Correios que começará a funcionar aqui na Casa.

Portanto, hoje o período de Grande Expediente será destinado a homenagear os 25 anos da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - EBTC - nos temos do Proc. nº  530/94, Requerimento nº 71/94, de autoria deste Vereador.

Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

Convidamos para participarem da Mesa o Sr. João Carlos Vasconcelos, Diretor-Presidente da EPATUR, Dr. Jorge Celso Gobbi, Diretor Regional da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.

As nossas boas-vindas porque a empresa está inaugurando a sua agência na Câmara Municipal.

 

O SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato): Com a palavra, o Ver. Luiz Braz.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ex.mo Sr. Presidente em exercício Ver. Airto Ferronato; Ex.mo Sr. Diretor-Regional da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos Dr. Jorge Celso Gobbi; Ex.mo Sr. Diretor-Presidente da EPATUR Dr. João Carlos Vasconcelos, representando, neste ato, o Senhor Prefeito Municipal; Senhores Vereadores; Senhoras Vereadoras; nossos amigos diretores e funcionários da EBTC que estão presentes. (LÊ.)                                                         

“As instituições brasileiras estão envoltas por uma névoa de suspeitas relacionadas com suas atividades e objetivos. Dentro desta névoa, desponta uma empresa que apresenta um brilho capaz de colocá-la em situação diversa das outras, pois é dirigida com competência, capacidade e dinamismo. Além disto tudo, as pessoas, que ali prestam serviço, são orgulhosas da função que exercem. A ECT não só retrata estas assertivas, bem como trabalha e luta para que este brilho ofusque os desacreditados na presteza dos serviços públicos.

O assunto em moda no nosso País é a privatização das empresas estatais. Como argumento para tanto, cita-se o saneamento público efetuado em nosso vizinho País - Argentina, que teve, a partir de 1989, sua máquina estatal reduzida, sendo que tal repercutiu, diretamente, no saneamento das finanças públicas.

Discute-se o monopólio exercido pela Petrobrás e outras empresas públicas. Porém, nunca, em momento algum, fez-se referência à estatização da ECT. E por quê? Simples, é uma empresa dinâmica, bem administrada - certamente de forma mais diligente do que muitas empresas privadas -, saneada e, o que é mais importante, tem o apoio total da nossa população. Aliás, em pesquisa de opinião pública realizada, os índices de aprovação, de condições e presteza da empresa, foram os maiores dentre os serviços públicos oferecidos à população.

E, não é por menos que goza deste honroso prestígio. Prova disto é o ato que é efetivado. A instalação de uma agência da ECT, nesta Casa, é prova eloqüente de sua ótima gestão, onde o serviço público se adapta à necessidade do serviço. Nota-se que seus dirigentes estão com sua atenção voltada à dinâmica da exigência do usuário, facilitando o acesso deste ao serviço oferecido.

É deste forma Senhores, que se administra uma empresa pública isto é, colocando à disposição de seus clientes uma gama de produtos e serviços, de sorte a atender os diversos segmentos do mercado. Porém, não basta o serviço público oferecido ser moderno e sofisticado, tem, isto sim, é que ser de fácil acesso ao Povo e ampliar a oferta dos serviços, como é o caso presente, com a inauguração desta Agência, é dar prova de desenvolvimento, beneficiando o usuário - na facilidade de obter tal serviço - resultando, com isto, uma arrecadação maior à empresa.

 

A CRIAÇÃO DA ECT

 

Desde sua criação a ECT tem percorrido ampla trajetória de realizações e sucessos.

Hoje coloca a disposição de seus clientes uma gama de produtos e serviços de sorte a atender diversos segmentos do mercado. Esses produtos e serviços vão desde o selo comum para o franqueamento de correspondência simples até sofisticados sistemas telemáticos.

No transcorrer do ano a ECT comemora determinadas datas, que lembram fatos e feitos ligados a sua História. Entre eles citamos:

25 de janeiro – Dia do Carteiro. Vinte e cinco de janeiro de 1663 - nomeado no Rio de Janeiro o Alferes João Cavalheiro Cardoso para o cargo de “Correio-Mor do Mar e Correio-Mor da Terra”.

20 de março – Aniversário da ECT. Vinte de março de 1969 - o Departamento dos Correios e Telégrafos foi transformado em Empresa Pública: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), pelo Decreto-Lei 509/69.

5 de maio - Dia das Comunicações. Dia 5 de maio de 1865 nasceu em Mimoso-MS, Candido Mariano da Silva, o Patrono das Comunicações no Brasil, por sua contribuição para o desenvolvimento das comunicações.

24 de maio – Dia do Telegrafista. Dia 24 de maio de 1844 foi realizada, por Samuel  Morse, a 1ª Comunicação Telegráfica no mundo entre Washington e Baltimore, nos Estados Unidos. Por este fato a data de 24 de maio é dedicada ao telegrafista.

Significado também o feito de Guilherme Capanema que, em 11 de maio de 1852 realizou a 1ª transmissão telegráfica no Brasil entre Imperial na Quinta da Boa Vista e o Quartel da Polícia, no Rio de Janeiro.

1º de agosto – Dia Nacional do Selo. Dia 1º de agosto de 1843 - lançamento oficial dos 1º selos postais brasileiros, os famosos “Olhos de Boi” com valores de 30, 60 e 90 mil réis. O Brasil foi o 2º País do mundo a emitir selos postais, logo após a Inglaterra (Penny Black 1840)

9 de outubro - Dia Mundial dos Correios. Dia 9 de outubro de 1874 era criada a União Geral dos Correios, reunindo 23 países. Da União Geral dos Correios surgiu em 1878 a UPU, União Postal Universal, com sede em Genebra, Suíça.

 

OUTROS FATOS IMPORTANTES

 

1970 - Criado o serviço de Correspondência Agrupada (SERCA)

1971 - Criação do Código de Endereçamento Postal (CEP)

1974 - Em 08 de outubro foi criada a Rede Postal Aérea Noturna (RPN)

1976 - Adotado o sistema de justificação eleitoral através do aerograma, Resolução do TSE nº 10.054 de 20/06/76.

1983 - Em 31 de maio foi inaugurado o sistema de transmissão de mensagem por Fac-Símile.

1989 - Criada em 06 de novembro foi inaugurada a Rede Fluvial da Amazônia, ligando Belém do Pará a Manaus.

1992 - Em 28 de janeiro, 1ª linha aérea do MERCOSUL, entre Porto Alegre e Montevidéo.

1994 - Autorizada em 1º de janeiro pela UPU a emissão do CFI - comprovante de Franqueamento Internacional, criado no Brasil em 1988.”

Portanto, de parabéns duplamente estão os dirigentes da ECT. Primeiro, pela passagem de 25º aniversário de criação de empresa, ocorrido no dia 20 de março próximo passado, quando, em 1969, o antigo Departamento dos Correios e Telégrafos foi transformado em tão exitosa empresa pública e, segundo, por este ato de grandeza demonstrado com esta inauguração, o que muito orgulha o povo desta Cidade.”

E eu tenho certeza absoluta de que todos os Vereadores desta Casa, de que todos os funcionários desta Casa estão agradecidos por este ato, por esta agência, por este crescimento da Câmara Municipal, por este bom relacionamento que estamos conseguindo manter com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.

Muito obrigado pelo atendimento ao nosso pedido, que vocês fazem agora com a colocação desta agência, e parabéns pelo muito que vocês fazem em prol do serviço público em todo território nacional. Um grande abraço, parabéns e felicidades.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Queremos agradecer a gerentes, assessores da Diretoria Regional, chefes de agências e demais funcionários pela presença no Plenário da Câmara Municipal de Porto Alegre.

Com a palavra, o Ex.mo Sr. Diretor Regional da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos Dr. Jorge Gobbi.

 

O SR. JORGE GOBBI: Ex.mo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre Ver. Luiz Braz. Ex.mo Sr. 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre Ver. Airto Ferronato. Ex.mo Sr. 2º Vice-Presidente Ver. Clovis Ilgenfritz. Ex.mo Sr. 1º Secretário Ver. Wilton Araújo. Ex.mo Sr. 2º Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre Ver. Luiz Negrinho. Ex.mo Sr. 3º Secretário Ver. Milton Zuanazzi. Ex.mo Sr. Presidente da EPATUR João Carlos Vasconcelos, neste ato, representando o Sr. Prefeito Municipal. Demais autoridades presentes ou representadas. Colegas da ECT. Senhoras e Senhores.(Lê.)

“Muito nos honra estar presente nesta Sessão. A homenagem que está sendo prestada à nossa Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, pelo transcurso do “Jubileu de prata”, e, podemos dizer sem falta modéstia, antes de tudo, uma reafirmação do sentido generalizado de toda a população brasileira. Esta Casa Legislativa, representando e refletindo esse sentimento, deixa registrado nos seus Anais o reconhecimento pelos nossos vinte e cinco anos de trabalho, de  dedicação e de elevado profissionalismo em favor do processo e da pujança de toda a Nação Brasileira.

Desde que foi transformada em empresa pública, em 20 de março de 1969, a ECT caminhou a passos largos, vencendo desafios na busca da melhor alternativa para o serviço postal brasileiro.

Muitas etapas foram cumpridas desde então: inicialmente estruturando e criando novos modelos operacionais. Nesse período nasceu a Rede Postal Noturna que, atualmente operando sessenta e cinco aeronaves, é a espinha dorsal um sistema que assegura os reconhecidos padrões da qualidade postal; logo após, reconhecendo e valorizando seu principal ativo, aperfeiçoou e desenvolveu seus recursos humanos, executando um treinamento próprio desde o nível básico, ousando ao criar a Escola Superior de Administração Postal, através da qual formou, até o momento, mais de mil profissionais para os seus quadros de nível superior. Muitos outros profissionais desse nível foram formados para administrações postais de outros Países.

Desde 1990, novos negócios e a diversificação de serviços foram trazidos ao dia-a-dia da Empresa, estabelecendo sua atuação dentro de três grandes vetores: o governo, o setor produtivo e o cidadão.

Estão nesta fase a distribuição de livros escolares para a FAE, de remédios para a CEME, a emissão de passaportes, a parceria com a Previdência Social, com a ECT passando a representar oficialmente o INSS na grande maioria dos municípios brasileiros, e o apoio aos Tribunais Eleitorais durante as eleições. No setor privado parcerias comerciais com grandes corporações e grandes bancos estão cada vez mais expressivas. Na oferta de maior comodidade aos cidadãos, nossas agências passaram a receber contas de concessionárias e devolver documentos perdidos.

Essa implementação do “Banco de Serviços” traduz a necessidade de cada vez mais sermos produtivos naqueles segmentos onde o mercado exige, assegurando que o “correio social” possa ser praticado em todos os municípios brasileiros.

Nossa rede de pontos de atendimento está composta de doze mil agências, vinte e duas mil setecentos e sete caixas de coleta e quinze mil duzentos e oitenta e oito postos de vendas de selos. Em Porto Alegre, são vinte e três agências próprias e quarenta e três franqueadas, já incluída a Agência Câmara Municipal de Porto Alegre que está sendo inaugurada nesta data.

Relativamente ao sistema de franchising é interessante referir que ele nos auxiliou a superar uma dificuldade histórica: o investimento na expansão da rede de atendimento. Rapidamente, sem investimentos diretos adicionais, pudemos instalar aproximadamente mil e setecentos novos pontos em nível de Brasil, sendo cento e vinte e dois no Rio Grande do Sul, em grandes centros urbanos, resolvendo a carência constatada. É relevante considerar que os Correios não perdem o controle da atividade, uma vez que somente o atendimento é dividido com empresários privados. Todo o restante do processo, da triagem à entrega, é executado por nossos funcionários, concorrendo para finalizar essa missão mais de vinte e cinco mil carteiros.

Na implantação de novos serviços estamos oferecendo a solução para múltiplas necessidades, a qual, graças a nossa abrangência territorial, pode ser oferecida a todos os segmentos. Nesse contexto, imprimir e distribuir carnês do IPTU, receber inscrições para concursos, entregar notificações judiciais, pagar o “vale-gás” e atuar no processo de importação de mercadorias são aspectos que afirmam nossa vocação da Empresa Pública comprometida com os anseios da comunidade brasileira.

O apoio ao Programa do Menor Carente, com o Projeto Grande Otelo, demonstra a nossa sensibilidade com as grandes questões sociais do País.

Um dado é interessante frisar: na década de 70, 1,5 milhões de objetos eram postados todos os dias em nossas unidades, hoje, esse volume atinge quinze milhões de objetos/dia. Antes éramos praticamente oitenta e cinco mil empregados. Atualmente contamos com um efetivo em torno de setenta e dois mil, demonstrando o resultado de uma política de racionalização, treinamento de pessoal e automação operacional, com graus crescentes de produtividade e rentabilidade.

A ECT tem oferecido ao País um dos quatro melhores serviços postais do mundo conforme a União Postal Universal. Desfruta dos mais elevados índices de credibilidade dentre as prestadoras de serviços públicos, comprovando que a eficiência não decorre do regime jurídico da Empresa: muito mais, constitui-se na afirmação de que uma administração, mesmo pública, é o resultado de um apurado senso profissional, da objetiva avaliação das perspectivas futuras e da coragem de ousar.

Senhor Presidente, Senhores Vereadores:

Ao discorrer sobre um pouco daquilo que é a ECT, o fizemos pela convicção de que, assim procedendo, estamos traduzindo para V. Ex.ªs o nosso compromisso público de olhar o futuro com confiança, buscando a qualidade total das nossas operações, certos de que temos condições de continuar oferecendo o melhor serviço que a sociedade brasileira espera dos Correios.

Em nome da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, muito obrigado pela homenagem.”

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Neste momento nós vamos suspender os nossos trabalhos por cinco minutos e eu convido a todos os Vereadores e também os Senhores presentes aqui, neste Plenário, para nos dirigirmos até a Agência da EBCT que será inaugurada.

Logo depois da inauguração, nós retornamos aqui para a seqüência dos nossos trabalhos normais.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h26min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 14h56min): Estão reabertos os trabalhos da presente Sessão.

Há quórum. Passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

RENOVAÇÃO DE VOTAÇÃO NOMINAL

 

PROC. 1936/90 - VETO PARCIAL ao PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 28/90, do Ver. Lauro Hagemann, que dispõe sobre o Instituto do Solo Criado no Município de Porto Alegre.

 

Pareceres:

- da CFO, Relator Ver. Antonio Hohlfeldt: pela manutenção do Veto Parcial;

- da CUTHAB, Relator Ver. Mário Fraga: pela rejeição do Veto Parcial;

- da CEDECON, Relator Ver. Milton Zuanazzi: pela rejeição do Veto Parcial. 

 

O SR. PRESIDENTE: Em renovação de votação. O Ver. Pedro Ruas está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, encaminho a renovação de votação em nome do PDT e saliento que alguns argumentos utilizados quando da aceitação do Veto nesta Casa, foram totalmente incorretos. O que juntamente com a pequena diferença de votos observada motivou e fundamentou o pedido de renovação de votação. Eu gostaria de salientar, em especial para os Vereadores João Dib e Pedro Américo Leal, referência por ordem alfabética, que o Ver. João Motta, presente no Plenário, o Ver. Hohlfeldt, ainda não presente, colocaram que o percentual de 70% para a aquisição de terra, de áreas talvez, inclusive, inflacionasse o mercado.

Digo ao Plenário, em especial aos Vereadores nominados, que o que inflaciona efetivamente o mercado é a ausência de terra, a ausência de área para assentamento da população mais carente. Os Vereadores, Ver. Pedro Américo Leal, que já atuaram, que já presenciaram essa verdadeira tragédia social que são os despejos em Porto Alegre, viram com seus próprios olhos que a Prefeitura sempre utilizou o mesmo argumento: não há local para assentamento. Não existe possibilidade física de assentar os despejados. “Nunca o Município tem as condições de assentamento! Nunca o Município pode promover uma efetiva regularização da moradia e uma afetiva condição digna de sobrevivência aos porto-alegrenses, que, em sua maioria, Vereadores, não têm onde morar e não têm a perspectiva de um dia tê-lo.

 Por outro lado, a disponibilidade financeira do Município, ao contrário do que foi dito aqui, não cria problemas em relação a preço de imóveis, até porque o Executivo tem, teor do que determina o art. 182, parágrafo 3º, da Constituição Federal, a possibilidade permanente, inteira, integral, do instituto da desapropriação.

O Parágrafo 3º, do art. 182 diz textualmente: “As desapropriações de imóveis  urbanos  serão  feitas  com  prévia  e  justa  indenização  em   dinheiro.”     Mal qual dinheiro, se o Município não tiver? Que tipo de desapropriação poderá fazer o Município? Em que condições poderá fazer isso? Por outro lado, nós sabemos bem que apenas quem lucra com um percentual maior para construções são as empreiteiras e empresas de construção civil em geral, e lucram porque sabem que delas vai depender cada casa, cada moradia a ser construída pelo Município.

Por outro lado, nós já verificamos, e V. Ex.ªs sabem disso, que ao pobre, quando é dada a terra, a questão menor é a construção. Seja porque de um lado existe a possibilidade permanente do financiamento através do BANRISUL, Caixa Estadual e Caixa Federal, que não financiam compra de imóveis, seja porque esses pobres constróem as suas moradias. O mais importante seria o Município oferecer condições técnicas de auxílio à construção dessas moradias, desde que haja onde fazê-las, haja onde construí-las, haja local para assentamento. Este é o fundamento maior.

Concluo, Sr. Presidente, enfatizando que é imperiosa a derrubada do Veto, mesmo porque na negociação que propõe o Executivo, e é correta a proposta, a CUTHAB, nesta Casa, pode propor desde logo este debate, com amplas condições de assessoria técnica e com a presença permanente do Executivo Municipal. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar a renovação de votação do PLCL nº 28/90.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. A minha Bancada, quando da discussão e votação do Veto aposto pelo Prefeito ao Projeto Solo Criado, votou pela aceitação do Veto, eis que não se têm razões para duvidar da palavra do Prefeito. Naquele momento, tive dúvida e, em função disso, estava disposto a votar contra o Veto. Mas acertado um detalhe de Lei Orgânica e que o Prefeito, por um atraso de três dias, não publicara no Diário Oficial um documento, vindo a fazer posteriormente, mostrou que há interesse em acertar. Não há por que não aceitar a formulação de uma nova lei estudada, debatida amplamente para que se faça um projeto de lei que atente para os interesses da Cidade. E digo com a tranqüilidade de ter sido o único que votou contra o Projeto de Lei do Solo Criado, que espero que a minha Bancada continue aceitando o Veto na forma como o fez anteriormente. Era isso. Muito obrigado.                             

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                             

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Clovis Ilgenfritz pela Bancada do PT.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente. Nobres Colegas, infelizmente, neste momento, somos obrigados a dizer que o argumento que o Ver. Pedro Ruas usou, embora sendo importantíssimo do ponto de vista social, que existe falta de moradias, falta de terras e, sobretudo há falta de dinheiro para que as pessoas comprem as suas casas, sua terra. Esse é um dos maiores problemas no Brasil, a distribuição de renda. Mas no momento que queremos fazer uma redistribuição de renda pela venda de índices, que é feita para os setores com mais recursos e que compram áreas do chamado solo criado. Esse é um processo de redistribuição de renda na medida em que alocamos esses recursos para o fundo Municipal de Desenvolvimento na área social. E o problema está na necessidade de deixarmos mais abertura; não dá para engessar o processo da distribuição desses recursos e estamos, mais do que nunca, comprometidos por uma carta assinada pelo Sr. Prefeito em fazer no tempo mais breve possível uma lei que regulamente. E V. Ex.ªs, como nós, teremos a oportunidade de verificar se essa lei realmente cumprirá com o que foi dito aqui. Mas se deixarmos os 70%, teremos essa lei, depois uma lei complementar para modificar a Lei do Solo Criado, para retirar este artigo, mas eu acho que isso não ajuda, isso só vai demorar mais. Então, aquela angústia, nossa, de ter recurso para comprar terra, sobretudo para isso, nunca foi dito o contrário, é para comprar terra, mas é, também, para acompanhar serviço de infra-estrutura e outros serviços que estão colocados na própria Lei.

Queria, mais uma vez, pedir aos Srs. Vereadores para que mantenham a votação anterior, garantindo o Veto para este artigo, porque a lei, em si, é uma lei muito interessante e todos nós estamos de acordo. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Ver.ª Maria do Rosário está com a palavra.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, faço questão de me pronunciar, neste momento, pelo significado que tem nós retornarmos esta discussão e buscarmos a derrubada do Veto do Sr. Prefeito Municipal quanto a este Projeto.

Parece-me que nós estamos discutindo a questão de quanto em verba nós vamos destinar à questão da terra, em Porto Alegre, recursos oriundos do Fundo Municipal de Desenvolvimento. Nós conhecemos, na Prefeitura, a disposição de discussão e a formação da Comissão para tanto. No entanto nos parece que seria interessante que nós partíssemos de um ponto para essa discussão, e nada melhor do que se partir dos 70% de recursos destinados à compra de terras para que este debate possa acontecer.

A Administração Municipal disse que não tem interesse em rebaixar os recursos destinados à terra. É a partir desta reflexão que nós poderíamos manter este patamar, como foi destinado na votação do Projeto, e discutimos a partir dele, dos 70% destinados à terra. Eu cito a minha argumentação no seguinte aspecto: existem várias fontes de financiamento para o saneamento, para o atendimento da infra-estrutura básica. No entanto, para a questão mais essencial, a porta de entrada para que possa haver programas habitacionais às famílias de baixa renda, de até três salários-mínimos, precisamos garantir de alguma forma recursos destinados à compra de terras. E o Município de Porto Alegre tem essa possibilidade, neste momento, com o Fundo Municipal de Desenvolvimento.

Nos parece importante que a CUTHAB seja também o foro que encaminhe as discussões do Executivo com as entidades sobre as negociações que possam vir a ser realizadas em torno da questão do Fundo Municipal e da destinação de recursos.

Insisto, portanto: temos uma realidade em torno de quatrocentas mil pessoas precisando, hoje, de programas habitacionais. O defict é de mais de cem mil moradias em Porto Alegre. Só é possível enfrentar este problema minimamente se tivermos recursos para a questão da terra. E isto está colocado objetivamente em todos os despejos que estamos diariamente acompanhado. O povo precisa ter um lugar onde colocar sua casa. É o primeiro passo e o passo que pode ser dado a partir do Fundo Municipal de Desenvolvimento. Os demais, que são extremamente importantes, outras fontes de financiamentos e os próprios recursos do Município já devem prever programas voltados à habitação e à infra-estrutura básica.

Se existe - e acredito que sim - disposição de discussão na Administração Municipal, ela pode discutir a partir de 70% de recursos destinados à terra. E não aceitarmos o Veto, discutindo a partir do zero, negando a reflexão que foi feita pelo movimento popular e que foi feita por esta Casa quando da aprovação do Projeto.

É por isto que defendo a rejeição do Veto e a aprovação do Projeto em sintonia com os interesses que o movimento comunitário, que o movimento pela moradia tem desenvolvido no Município de Porto Alegre. Era isto. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrados os encaminhamentos, em renovação de votação. (Após a chamada.) REJEITADO o PLCL nº 28/90, em sua parte vetada, por 15 votos SIM, 16 votos NÃO. Mantido, portanto, o Veto Parcial a ele aposto.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 0021/93 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 01/93, do Ver. Décio Schauren, que dispõe sobre a denominação de logradouros públicos e dá outras providências. Com Emendas de nºs 01 a 06.

 

Pareceres

- da CCJ, Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;

- da CCJ, Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação das Emendas nºs 02, 03, 04 e 06, pela rejeição da Emenda nº 05;

- da CFO, Relator Ver. Artur Zanella: pela aprovação do Projeto e das Emendas nºs 01, 02, 03, 04, 05 e 06;

- da CUTHAB, Relator Ver. Lauro Hagemann: pela aprovação do Projeto e das Emendas nºs 01, 02 e 06, pela rejeição das Emendas nºs 03, 04 e 05.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão. Está com a palavra, para discutir, o Ver. Elói Guimarães.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, essa iniciativa do Ver. Décio Schauren que visa estabelecer disciplinamento no que respeita ao nome de logradouros públicos, nós já tivemos a oportunidade de fazer presente ao autor da iniciativa algumas dificuldades no que respeita, em nosso entender, uma “capitis diminutio”, da delegação que carrega e ostenta o Vereador para dispor, na plenitude do mandato que o povo, nas urnas, de forma democrática, o concedeu. Evidentemente, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, todo o Vereador que se preza minimamente, ele, ao tomar a iniciativa dessa ordem, dar a um logradouro público o nome de uma pessoa, ele vai à comunidade e consulta a comunidade. Porque seria um equívoco lamentável do parlamentar que se colocasse contra a vontade do entorno ao logradouro, que se colocasse contra a comunidade, resistisse, enfrentasse e confrontasse a comunidade. É injustificável que um Vereador assim proceda. Mas a minha discussão, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, diz qual a essência do mandato popular, que delegação o povo nos concedeu. É essa a discussão que coloco. Afinal, que competência, que quantidade de poder tem o parlamentar para dispor, no exercício do mandato, nas questões que são de sua competência? Pretende-se, na iniciativa, reduzir essa quantidade de competência ou de poder. É bom que se frise, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que o Vereador, o parlamentar, ascende às casas parlamentares, integra-se às casas parlamentares pelo processo mais legítimo que já se tem notícia na história da própria humanidade que é a escolha pelos seus co-estaduanos e co-munícipes.

Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, à dificuldade que enfrentamos na matéria proposta, pese algumas emendas retemperando a iniciativa, achamos que - volto a frisar - o Projeto carrega uma “capitis diminutio” da representação parlamentar, sem deixar de frisar e gisar que o parlamento que se preza e que carrega essa legitimidade jamais afrontaria a vontade do meio social, da comunidade, dos moradores do logradouro ou do entorno do logradouro.

Por isso me coloco contrariamente ao Projeto e, de resto, também, contrariamente, às emendas, a menos, evidentemente, que o Projeto ganhe a aprovação e tenhamos que tentar retê-lo nas emendas que lhe seguem e constam do presente Expediente.

Portanto, fica aqui a nossa manifestação para expressar o nosso entendimento, nosso juízo de que o mandato parlamentar fica, não diria hostilizado, mas reduzido, condicionado a que, em certas circunstâncias especiais, se coloquem dificuldades a determinadas iniciativas. Tomamos, exemplificativamente, um nome contraditório que se pretenda homenagear e aí se cria, no seio da comunidade, uma certa resistência. Estaríamos diante dessa dificuldade, onde ficaria diminuída a delegação, o mandato, em razão das disposições que, oxalá, sejam aprovadas.

Então, fica aqui a nossa manifestação para dizer que a aprovação do Projeto representa uma “capitis diminutio”, embora o Vereador que se preze, o parlamentar que se preze jamais tomará a iniciativa, afrontando a vontade e o querer da comunidade. Esse é o nosso entendimento, por isso somos contrários ao presente Projeto, nesse aspecto, porque há outros aspectos do Projeto que são bons, mas esse o torna inviável ao nosso entendimento. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir o PLCL nº 01/93.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu me contrariamente ao Projeto ore em discussão. Poderia alinhar uma série de razões, e concordo com o Ver. Elói Guimarães que, se somos eleitos Vereadores, devemos saber representar os anseios da coletividade, deveremos, por responsabilidade, saber denominar uma rua sem que haja confronto com a coletividade.

No § 1º, do art. 2º, por exemplo, a Lei diz que é para logradouros públicos e depois inclui equipamentos públicos também. Nada me impede de denominar, por exemplo, uma sala deste prédio - que é um equipamento público - com o nome de uma pessoa viva. Mas aqui está proibido.

As placas denominadas dizem como devem ser feitas, mas apreciamos, na semana passada, o Veto do Prefeito, e, por trinta votos contra um, foi derrubado o Veto, tratando exatamente de placas. E agora estamos fazendo uma nova lei aqui: “É permitida a denominação” - diz o art. 6º - “de logradouros ou clandestinos de uso público, não implicando na oficialização do logradouro de que se tratar e destinando-se, exclusivamente, para fins de possibilitar a identificação de residências dos munícipes e orientar os serviços públicos implantados na área.”

Acho que todos os Vereadores entenderam o que está escrito, é meio difícil. Porque no § 2º do mesmo artigo diz que “fica vedada, em qualquer hipótese, até a oficialização dos logradouros determinados na forma deste artigo, a expedição de certidões para fim de averbação da abertura da rua no Ofício Imobiliário competente, na forma da legislação relativa aos registros públicos”. Acho que é supérfluo, mas em todo o caso, está aí. O art. 7º diz que: “pela comunidade será utilizada terminologia das categorias: estrada, avenida, rua, praça, acesso, largo, rótula, esplanada, travessa e parques.”

Está definido em uma Lei Complementar, se não me engano, nº 72: “Todos os projetos de parcelamento do solo ou qualquer forma de alteração do sistema viário deverão obedecer aos critérios estabelecidos por esta Lei Complementar, quer sejam executados pelo Poder Público ou particulares.” Eu não entendo onde é que Lei vai definir área a ser urbanizada na Cidade. Todo projeto de parcelamento do solo é Plano Diretor, Lei Complementar recentemente aprovada aqui, ou qualquer forma de alteração do sistema viário deverá obedecer aos critérios estabelecidos por esta Lei Complementar. Que critérios ela está estabelecendo? Não sei. “O Executivo Municipal definirá as testadas de todos os logradouros, indicando em plantas, ou outros meios necessários, os pontos de início e fim de cada denominação. Bem como a numeração dos imóveis neles existentes. A praça não determinará a numeração dos imóveis, exceto quando a mesma for o único acesso ao imóvel.” Acesso ao imóvel, praça, é difícil eu entender, muito difícil. E o Executivo definindo as testadas, eu pensei que eram os projetos dos urbanistas, dos arquitetos, dos engenheiros que definiam as testadas. Aí, vem a revogação de uma série de leis, que eu duvido que alguns dos Vereadores conheçam todas elas, porque eu não conheço.

Então, eu acho que o certo mesmo é chega de leis, nós já temos bastantes leis. Nós temos que denominar todas as nossas ruas, nós temos que colocar placa em todas as nossas ruas, é verdade, mas não fazendo mais leis e não engessando o trabalho dos Vereadores, porque ele não pode fazer da forma que o povo lhe outorgou à condição de seu representante, isto é, chegar a esta tribuna, dizer o que pensa porque deve ter sentido nos anseios da comunidade que representa, e ele vai dizer. Então, eu recomendo a rejeição deste Projeto de Lei. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Negrinho está com a palavra para discutir o PLCL nº 01/93.

 

O SR. LUIZ NEGRINHO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Sou muito favorável ao Projeto do Ver. Décio Schauren. Quero citar alguns exemplos: eu tenho um familiar que mora na Rua Rincão do Leão, ele não sabia que agora a rua dele se chama Tocantins, porque o Vereador desta Casa alterou o nome da rua sem consultar os moradores.

Então, o Projeto do Ver. Décio Schauren tem todos os méritos. Nós temos de respeitar a vontade da comunidade. Na Vila Cruzeiro também tem nome de rua que sequer os moradores foram consultados para saber se queriam ou não.

Eu tive a iniciativa, quando faleceu o Osmarico, de tentar colocar na Vila Cruzeiro o nome de Osmar, têm as Ruas A, B e C, quando para minha surpresa, fiquei sabendo que já haviam projetos, nesta Casa, denominando aquelas ruas. A comunidade queria o nome do Osmarico para a Vila Cruzeiro, porque ele foi um grande líder dessa comunidade e foi quem fundou a COOTRAVIPA que hoje proporciona milhares de empregos; é uma pessoa que faleceu, a comunidade queria colocar o seu nome na rua e, infelizmente, não pôde, porque já havia um projeto denominando a rua. Tem méritos, e devemos votar favoravelmente. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Guilherme Barbosa, para discutir o PLCL nº 01/93.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, indo na linha do Ver. Luiz Negrinho, até resolvi falar pela exposição que ele fez agora. Vila Parque União, na região da Cruzeiro, uma área que a comunidade comprou, se organizou há trinta anos atrás, fez um loteamento, construiu suas casas e, de repente, um projeto de lei desta Casa, sem fazer o menor contato com a comunidade! Quando a comunidade descobriu, veio falar com o Vereador. O Vereador não quis nem conversa. Terminei apresentando um substitutivo que, hoje, para minha surpresa, foi votado e aprovado. No projeto consta que o procedimento é de quem chega primeiro, Ver. Negrinho. Ora, pelo amor de Deus! Se isso é critério político! Tem que consultar a comunidade, sempre, porque a comunidade quer que seja uma pessoa que participou dessa luta, que tem um nome lá. Não conhece a outra pessoa, que é valiosa, eu reconheço pela história, mas não tem relação com a comunidade.

 

O Sr. Fernando Zachia: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) O critério - de quem chega primeiro - como V. Ex.ª denominou, me parece que foi dado pela Comissão de Constituição e Justiça, não pelo Plenário. A Comissão, é a sua função, é bem clara, tem que determinar a legalidade ou não, da constitucionalidade ou não do projeto. Como nesse projeto específico, no mérito votaria com V. Ex.ª acho que a Comissão cumpre o seu papel, transpõe para o Plenário a discussão e aqui no Plenário nós vamos discutir o mérito. A Comissão, me parece que o parecer foi do nobre Ver. Wilton Araújo, ele determinou um critério que era de quem teria chegado em primeiro lugar. Mas nós estamos discutindo o mérito. Nós temos esta tranqüilidade. É um critério interno da Comissão de Constituição e Justiça. Aqui, no Plenário, a discussão vai ser outra.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Apesar de receber sua manifestação com respeito e atenção, mas este não é o critério que tem a ver com a legalidade. Se a Comissão se preocupa, principalmente, com a legalidade do projeto, o meu substitutivo não tem nenhuma ilegalidade, e coma voto contra?

 

O Sr. Fernando Záchia: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Não tinha o projeto. A Comissão estava de mãos amarradas. Ela tinha que fazer um critério para determinar e o fez: de quem chegar primeiro. Eu insisto: o mérito me parece incorreto mas dentro da Comissão o critério é correto.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sim, mas até lá não sabemos se vai ser aprovado hoje, e se aprovar, infelizmente, acho que teremos uma situação distinta. Como eu disse, não iria-me manifestar, mas fiquei provocado pela manifestação do Ver. Luiz Negrinho.

E quanto ao fato de chegar primeiro, não é um argumento de peso, porque já aconteceram outras situações nesta Casa, como lembram os Vereadores Wilton Araújo e Clóvis Ilgenfritz, onde não foi levado em conta quem chegou primeiro. Já tivemos outro fato aqui que foi a Plenário e depois adiante.

 

O Sr. Wilton Araújo: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Esse meu Parecer na Comissão de Justiça é uma espécie de “mea culpa”, quando apresentei um Substitutivo, assim como V. Ex.ª, em determinado projeto, e refletindo depois melhor achei que estava equivocado: por isso fiz “mea culpa” e como Relator na Comissão de Justiça criei um critério: o critério da precedência. E se esse critério tivesse sido utilizado no caso do Projeto do Ver. Clóvis Ilgenfritz, evidentemente, meu Substitutivo estaria rejeitado antes de chegar a Plenário e não teria causado aquele constrangimento.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Muito bem, eu acho que é uma postura de V. Ex.ª que o dignifica neste caso - fazer essa avaliação -, mas eu continuo discordando do mérito do relato, porque, realmente, eu não posso considerar que quem chegar primeiro é o Projeto que deve ser aprovado.

Então, quero registrar isso e, evidentemente, os projetos virão a Plenário e serão aqui votados. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está encerrado o período de discussão. Em votação. (Pausa.) O Ver. Décio Schauren está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é importante deixar claro que este Projeto que estou submetendo à apreciação dos Srs. Vereadores, basicamente, constitui-se de duas grandes questões: uma é a democratização na escolha dos nomes daqueles logradouros que já são habitados. É mais uma questão de  bom senso que o Vereador consulte os moradores de uma rua já habitada sobre o nome que ele queira dar a essa rua. Ou, seja, até existe a possibilidade de os moradores terem a iniciativa de escolher o nome. Nós entendemos isso como uma questão de bom senso. Por outro lado, a gente sabe que nós, Vereadores, muitas vezes queremos homenagear alguém que os moradores não conhecem. Neste caso, nós temos em aberto todas ruas ainda não povoadas. Por exemplo, ruas de loteamentos novos.

Então, permanece em aberto a possibilidade de homenagear alguém sem haver a consulta. Além disso, há uma Emenda do Ver. Zanella que diz que haverá dispensa dessa obrigação no caso de o Projeto ser assinado pelo autor e pela maioria absoluta dos Vereadores da Casa. Então, é mais uma abertura neste caso. A segunda grande questão que quero colocar é que praticamente o restante do Projeto é a compilação de Legislação anterior. Na verdade, são sete leis antigas, onde havia muitas coisas repetidas e às vezes eliminando partes de leis anteriores. A própria Assessoria Técnica Parlamentar da Casa me sugeriu que eu fizesse a complicação da Legislação.

Quero deixar claro isso: que a compilação da Legislação antiga anterior foi feita em função da sugestão da ATP da Casa. E é preciso deixar claro que não está eliminado nada daquilo que as leis anteriores previam, nós não eliminamos nada, apenas aquilo que está repetido e aquilo que já havia sido revogado por outras leis. Então, basicamente, a compilação da legislação anterior e a democratização da escolha, no caso, daquelas ruas que já são povoadas. Ficam em aberto todas as ruas não povoadas, de loteamentos novos, onde, tranqüilamente, os Vereadores podem fazer uma homenagem a alguém sem haver a necessidade da consulta. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrados os encaminhamentos, passamos à votação, que será nominal. Em votação. (Após a chamada.) APROVADO o PLCL nº 01/93 por 25 votos SIM e 5 votos NÃO.

 Agora vamos votar as Emendas de nºs 1, 2 e 6, que têm parecer pela aprovação. Em votação as Emendas. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que as aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADAS.

Vamos votar a Emenda nº 3. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

Em votação a Emenda nº 4. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) REJEITADA.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente, solicito verificação de votação.

 

O SR. PRESIDENTE: Atendendo solicitação do Ver. Wilton Araújo, em verificação de votação a Emenda nº 4. (Pausa.) (Após a chamada.) APROVADA a Emenda por 17 votos SIM e 14 votos NÃO.

Em votação a Emenda nº 05. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) REJEITADA.

 

O SR. ISSAC AINHORN: Sr. Presidente, solicito verificação de votação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação a Emenda nº 05. (Pausa.) (Após a chamada.) REJEITADA a Emenda nº 05 ao PLCL nº 01/93 por 8 votos SIM e 21 votos NÃO.

Requerimento, de autoria do Ver. Décio Schauren, solicitando seja o PLCL nº 01/03 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final considerando-a aprovada nesta data.

Em votação. (Pausa.) Os Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 2454/93 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 127/93, do Ver. Milton Zuanazzi, que altera a Lei nº 2758, de 04.12.1964, que estabelece normas técnicas para a inclusão de veículos na frota de transporte coletivo de Porto Alegre e dá outras providências. (Com Emenda nº 01.)

 

Pareceres

- da CCJ, Relator Ver. Isaac Ainhorn: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;

- da CUTHAB, Relator Ver. Lauro Hagemann: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;

- da COSMAM, Relator Ver. Eliseu Santos: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01.

 

O SR. PRESIDENTE: Sobre a Mesa, Requerimento assinado pelo Ver. Nereu D’Ávila, solicitando seja adiada a discussão por duas Sessões, de acordo com o art. 171 do Regimento, do PLL nº 127/93.

Antes da votação do Requerimento do Ver. Nereu D’Ávila, eu apregôo uma Emenda, que deu entrada neste instante, também assinada pelo Ver. Nereu D’Ávila. Emenda que dá nova redação ao art. 3º do PLL 127/93.

Em votação o Requerimento do Ver. Nereu D’Ávila. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO o adiamento da discussão por duas Sessões.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 2885/93 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 147/93, do Ver. José Gomes, que denomina Rua João da Silva Bueno um logradouro público, localizado no Loteamento Parque do Sabiá. (Com Emenda nº 01.)

 

Pareceres

 - da CCJ, Relator Ver. Jair Soares: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;

- da CUTHAB, Relator Ver. Luiz Negrinho: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;

- da CEC, Relatora Ver.ª Maria do Rosário: pela aprovação do Projeto com a Emenda nº 01.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PLL nº 147/93 permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Em votação a Emenda nº 01. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

Requerimento, de autoria do Ver. João Verle, solicitando que o PLL nº 147/93, recém aprovado, seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para a sua Redação Final, considerando-a aprovada neste data.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Estão suspensos os trabalhos para uma reunião conjunta das Comissões.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h03min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 16h28min): Estão reabertos os trabalhos.

Requerimentos encaminhados à Mesa.

Requerimento, de autoria do Ver. Guilherme Barbosa, de Moção de Apoio à continuidade dos programas de jornalismo da Rádio Guaíba no período da tarde.

Em votação o Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Este requerimento tem origem em contatos feitos na Rádio Guaíba na terça-feira, ou seja, no dia de ontem, quando tomei conhecimento de que a direção da Rádio pretende, a partir do dia 4 de abril, extinguir todos os programas de jornalismo da parte da tarde. Portanto, a partir do dia 4 de abril, extinguiriam-se os programas “Guaíba Revista”, “Jornalismo Estilo Guaíba” e “Espaço Aberto”, que é um programa que começa às oito horas da noite.

Ocorre que a Rádio Guaíba tem uma função muito importante, não só no nosso Estado. Ela tem uma tradição de jornalismo com agilidade e seriedade na transmissão da notícia e, evidentemente, cumpre um papel muito importante no estabelecimento da democracia, na medida em que, se forem extintos os referidos programas, ficaremos com apenas uma emissora de um outro grupo econômico do nosso Estado que se fortalecerá mais ainda do que já é.

Esta moção, além de minha iniciativa, tem o apoio de jornalistas da própria Rádio, que, além de ficarem à mercê do desemprego em um mercado muito restrito, consideram que ficaremos com o jornalismo feito apenas por um outro grupo.

Precisamos manter o espaço jornalístico da Rádio Guaíba e não só este, como fortalecer muitos outros espaços, porque a democracia só se efetiva com várias e múltiplas visões acerca dos fatos. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Eu não duvido da palavra do Ver. Guilherme Barbosa, Vereador que merece toda a credibilidade, pois Vereador tem fé pública. Não há nenhum documento, nenhuma manifestação. Como pode esta Casa votar algo que pode ser uma mera conjectura. Não está concretizado o ato. Sou favorável à Moção, mas acho que tem que haver um dado mais concreto. Isso pode ser uma conjectura, e não podemos trabalhar em cima de hipóteses.

O SR. PRESIDENTE: V. Ex.ª tem razão, quando diz que o Vereador tem fé pública. Se o Ver. Guilherme Barbosa coloca na Mesa uma Moção de apoio, ele está sendo responsável pela Moção. Cabe à Mesa colocar em votação para o Plenário decidir sobre a aprovação. Se os Vereadores não quiserem aprovar a Moção, rejeitam-na. A Mesa tem por obrigação colocar a Moção em votação.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA (Questão de Ordem): Acho muito importante a Moção, mas parece-me, em função de não termos nada concreto, uma temeridade colocarmos em votação neste momento. Sugiro ao autor da proposta que deixe a proposta aguardando algumas Sessões, até que tenhamos um dado mais concreto. Assim, ele terá todo o nosso apoio, como autor da Moção. A nossa Bancada o apoiará com integralidade.

 

O SR. PEDRO RUAS: É um esclarecimento que se faz necessário, Sr. Presidente. A idéia me parece muito boa e vou votar favoravelmente, mas um esclarecimento tem que ser feito neste momento: o Vereador não tem fé pública. O questionamento que surgir em função disso pode até nos levar a um parecer da Comissão de Justiça, mas afirmo a V. Ex.ª com toda a convicção: o Vereador não tem fé pública.

 

O SR. PRESIDENTE: A Moção que foi colocada na Mesa pelo Ver. Guilherme Barbosa, foi colocada em votação. Se o Ver. Guilherme Barbosa quiser, ele poderá retirar a Moção, mas a Mesa é obrigada a colocá-la em votação.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Acho que a Casa não tem a convicção do que vai acontecer, ainda. Acho que o que deve acontecer é um apelo, e não uma Moção de Apoio. Um apelo para que continue o programa jornalístico da Rádio Guaíba.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é evidente que não posso, aqui declinar o nome do jornalista que me solicitou, formalmente, para que encaminhasse essa moção de permanência dos programas, por motivos óbvios, mas é um dos principais jornalistas da Rádio Guaíba e do Correio do Povo. Há uma decisão da empresa de extinguir os três programas a partir do dia 04 de abril. A Rádio Guaíba passará, apenas, a tocar músicas durante todo o período da tarde, o que é, evidentemente, um retrocesso no aspecto democrático. Então, está mantida a Moção.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): O assunto, embora seja de uma emissora, é relevante do ponto de vista da Cidade. Concordo com isso, mas eu gostaria de sugerir ao Ver. Guilherme Barbosa que adiasse esse Requerimento por uma Sessão, até porque nós poderíamos ter métodos mais eficazes de viabilizar a manutenção dessa programação, porque ela envolve noticiário da Cidade, através de uma representação ou Comissão desta Casa visitando a própria direção da empresa. Acho que poderia se pensar em algo mais eficaz. Pergunto ao Ver. Guilherme se não seria melhor adiar o Requerimento por uma Sessão

 

  O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Guilherme Barbosa. (Após a chamada.) APROVADO por 20 votos SIM e 3 ABSTENÇÕES.

 

(Obs.: Foram aprovados os Votos de Congratulações e os demais Requerimentos, conforme consta na Ata.)

 

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra. Desiste. O Ver. José Gomes está com a palavra.

 

O SR. JOSÉ GOMES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero relatar mais uma vez, através desta tribuna, o problema acontecido com os vinte e dois policiais militares no 9º BPM. Em primeiro lugar, para tentar consertar um erro que o Sr. Governador do Estado fez quando se referiu àquelas manifestações dos policiais militares, acusou o Partido dos Trabalhadores de ser o responsável por aquele ato dos soldados. E, segundo, quando ele também vincula todo ato formal dos policiais militares a nós, como Vereador, e também ao Partido dos Trabalhadores. Na realidade, a imprensa escrita, televisiva e radiofônica não tem dado a versão correta dos fatos que aconteceram no 9º BPM. Esses vinte e dois policiais militares já estavam há vários dias trabalhando com excesso de carga horária há vários meses.

No decorrer da semana em que eles foram mandados embora, eles tinham sido obrigados a ter que cumprir a sua jornada de trabalho de seis horas em pleno sol tórrido, no Largo Glênio Peres. Ora, como se os policiais militares fossem uma árvore, um vegetal qualquer, que ficasse exposto durante seis horas de serviço em pleno sol no Largo Glênio Peres. Um desses soldados, procurou o seu oficial, o Tenente Mendes. “Tenente, nós gostaríamos de conversar com o Senhor sobre esse excesso da carga horária e sobre essa determinação de ficar seis horas em pleno sol tórrido.” O Tenente insensato, desequilibrado mentalmente, porque não foi humano, resolveu prender os policiais, porque queriam conversar com ele. Os soldados queriam falar com o Comandante do Tenente, e não foi permitido. O que os soldados fizeram? Redigiram um documento, pedindo para sair do pelotão que estava de serviço, pois não era respeitada sua carga horária e também não eram respeitadas condições mínimas de trabalho. E na 6ª feira, às 4h da manhã, esses vinte e dois policiais foram mandados embora da Brigada Militar, por alegação de crime de insubordinação, e vão responder a um processo no Tribunal Militar por crime de insubordinação.

Ora, o comandante do 9º, Cel. Marco Antônio Coelho, na nossa visão, esta opaca visão de um ex-soldado, já cometeu cerceamento de defesa desses policiais, ou seja, ele os colocou na rua sem direito à defesa, porque a Constituição assegura que ninguém é considerado culpado sem sentença condenatória transitada em julgado. Ele já penalizou os vinte e dois. Então, o bom senso pede, e eu pediria a este Comandante, que não foi o outro Comandante, mas que era o comandante do tenente, que usasse, pelo menos, de bom senso neste caso. Muitos desses vinte e dois policiais são policiais do interior e estão passando fome, estão atirados aos sindicatos, que lhes deram guarida, para que eles pudessem ficar alojados, enquanto tramita esse processo. Então vejam que são 22 homens desempregados, por uma falta de coerência e de humanidade de alguns oficiais da Brigada Militar.

Enquanto isso acontece no Centro de Porto Alegre, no 1º BPM, na restinga, existe um conjunto residencial só para oficiais, um conjunto fechado. Vejam as fotos que nós mandamos fazer. E o comando dessa Unidade do 1º Batalhão, Cel. Fraga, coloca um policial vinte e quatro horas por dia nesse conjunto residencial fechado! Vinte e quatro horas por dia há um PM na frente de um conjunto residencial, onde moram só oficiais da Brigada Militar! Eu não entendo como é que esses oficiais conseguem distorcer as coisas dentro da Brigada Militar.

E, pasmem, depois desse conjunto residencial, há um colégio, a 300m, mais ou menos, onde há várias crianças e o PM não pode ficar no colégio. Tirei algumas fotos do movimento na frete do colégio, dos carros, dos carros parando em cima da faixa de segurança. É proibido o PM ficar na frente do colégio, tem que ficar na Casa dos oficiais, dando segurança particular. A mesma insensatez aplicada no 9º BPM. Chegaram ao ridículo de colocar policiais nas sua casas, dando policiamento privado para os oficiais.

Então não venha o Ver. Pedro Américo Leal dizer que os soldados assinaram um documento reivindicando, porque esta Brigada Militar está passando por cima dos direitos militares. Não é de hoje que trabalham doze, quatorze horas sem receber hora-extra. V. Ex.ª, Ver. Américo Leal, não é militante de base; é militante de uma elite da oficialidade, tanto da Polícia Militar quanto do Exército.

É muito fácil chegar aqui e comentar as coisas por cima, mas os policiais, na quarta-feira, chegaram a trabalhar quatorze horas - foram vinte e dois policiais. Falta de humanidade. Se a brigada fosse um pouco humana, os homens que prestam serviço a ela teriam mais respeito com a sociedade. O que faltou no Tenente Mendes, no Capitão Jones e no próprio Coronel Coelho foi humanidade. O Coronel Coelho, como ex-administrador do Presídio Central, que o administrava com truculência e com cerceamento dos direitos humanos, quer administrar o 9º BPM. Este é o tipo oficial que deveria ser mandado embora da Brigada Militar. E não só ele, como o Capitão Jones e o Tenente Mendes. Primeiro, deveriam passar por um hospital psiquiátrico e, depois, fazer um curso humanístico. Até acho que o Ver. Pedro Américo Leal poderia dar esse curso para eles. Era isso. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Pedro Américo Leal, pelo tempo de Liderança.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Ex.mo Sr. Presidente. Srs. Vereadores. O ilustre Vereador José Gomes está passando por uma fase de ira dirigida aos Oficiais da Brigada Militar. Isso é temporário e cíclico. Não é aquele que quer bombardear o Castelo da Rainha; ele quer bombardear o QG da Brigada Militar. É uma ira nacional petista. O Vereador vem afirmar coisas que eu não tenho argumentos, fatores para rechaçar que certos soldados são mobilizados para darem serviços nas casas dos Oficiais. É muito difícil. Eu tive a honra de instruir, por dezesseis anos, Cadetes, Capitães e Oficiais Superiores da Brigada Militar.

Acho que conheço a Brigada Militar, suficientemente, a personalidade coletiva dos seus oficiais para afirmar, aqui, da tribuna da Câmara Municipal, onde sou Vereador, que dificilmente um oficial da Brigada Militar, via de regra, um homem do Rio Grande, investido de poder, faz isso, porque nós representamos um tipo humano, no Brasil, que se destaca do restante, porque é um tipo miscigenado, um tipo, não digo puro, mas um tipo que é invejável neste quadro angustiante, quando o próprio Planalto nos dá demonstrações que nos envergonham. O Rio Grande não, a Bancada do Rio Grande é a melhor.

Ver. José Gomes, eu estou falando sobre psicologia coletiva, mas V. Ex.ª ainda não açambarcou a idéia do conteúdo do meu raciocínio. Eu que formei tantos Oficiais e Cadetes, não acredito que os homens que eu formei possam fazer isso. Agora, S. Ex.ª ainda não veio aqui, da tribuna, falar sobre os vinte e dois soldados, que esta sociedade de Cabos e Soldados, da qual V. Ex.ª é Vice-Presidente em exercício, mas, talvez, em atividade constante, porque vive por lá, que foram dispensados da Brigada Militar. Imaginem, V. Ex.ªs, vinte e dois soldados da Brigada Militar se negarem a dar serviço, do mesmo pelotão. Eu fui a Brigada Militar para saber se isso era verdade, se algum oficial, algum sargento havia obrigado algum daqueles soldados a dar mais de seis horas de tarefa na rua. Não Senhor, apenas reclamaram que apanhavam sol no Centro da Cidade. Mas, quem, dando serviço na rua, como polícia militar, não apanha chuva? Estamos cansados de ver PMs substituindo sinaleiras que apagaram cobertos de água, até PMs femininas cumprindo a sua missão inabalavelmente em entroncamentos perigosos da Cidade.

Agora, vejam as razões pelas quais esses vinte e dois foram dispensados imediatamente. E querem voltar! Agora V. Ex.ªs devem garantir a eles advogados, devem dar respaldo a eles e não estão dando, os vinte e dois soldados foram dispensados, não têm onde morar; são pessoas pobres que devem ter ido nas cantilenas desses catequistas petistas e agora estão na mão. Vejam só, eles assinaram um documento. Eu não ia exibi-lo mas posso entregar para que seja transcrito pela taquigrafia. Este é um documento assinado pelos soldados. Afinal da contas eu preciso saber o que houve. Não posso ir à tribuna, depois de ter usado até uma televisão e ter afirmado coisas que eu não tinha prova, mas que agora as tenho, estão aqui. O documento é dirigido ao pelotão. (Lê.)

“1) A maneira com que o Pelotão vêm sendo tratado, apesar de soldados formados temos sido tratados como se ainda fossemos alunos e com certa indiferença.

2) O Pelotão é sugado durante o mês todo, sem ter hora para entrar ou sair do serviço.

3) As folgas do pelotão, quando são dadas, é de 2 (dois) ou 3 (três) dias, mas que não compensam a sugação toda, pois quando o Pelotão têm folgas encontra-se estressado e tira folga toda para dormir, para assim recuperar-se do desgaste que foi durante o mês todo.

4) O Pelotão se nega a trabalhar em caixinhas no olho do sol como é de vontade do comando do Pelotão.”

Caixinhas do olho do sol são aquelas caixas de madeira que, na verdade, quando se dá serviço e o sol inclementemente, ao meio dia - alguém tem que tirar serviço ao meio-dia, às 2h da tarde - e eles não desejam tirar esse serviço.

(Segue o documento.) “Observações: O Pelotão se nega a ser entrevistado por ocasião do desligamento, visto que esta decisão foi unânime pelo Pelotão que se achou lesado com relação aos seus direitos, já que só deveres estão sendo cobrados.”

Sr. Presidente, isto aqui é muito grave! Isto é sublevação comandada. Se V. Ex.ªs do PT estão fazendo esse trabalho dentro dos quartéis, eu, além de abominar, os advirto: parem! Porque isto não contribuirá, nem politicamente, civicamente ou partidariamente para que V. Ex.ªs sejam destacados no conceito do Rio Grande. Nunca houve isto na história gaúcha, então eu pergunto ao Líder do PT, ilustre Vereador Verle, o que há de verdade? O que se cogita é que há um trabalho partidário. É muito grave! Isso não pode ser verdade. Por que vinte e dois homens negarem-se a dar o serviço normal? Ainda indaguei ao Coronel, dentro do Quartel General: mas Coronel, veja bem, se for preciso, vou tomar uma posição e falar. Ele disse: “Não o Senhor tem a nossa palavra. Eram seis horas de trabalho e nada mais foi pedido a cada um deles.” Aí vem um Vereador, aqui, para esboçar um clima, um quadro, em que os soldados são desviados para dar serviço na casa de Oficiais, mas não aborda esse problema seríssimo de indisciplina, de insubordinação que foi fomentado em Porto Alegre, na Brigada Militar, pela primeira vez, e tudo indica que é através da Associação de Cabos e Soldados, sendo esta manipulada pelo PT e por V. Ex.ª que é Vice-Presidente. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Motta está com a palavra, em Comunicações.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu fico assustado quando ouço, ainda, da voz de um Vereador inteligente, como é o Ver. Pedro Américo Leal, uma menção à idéia da raça pura. Se fôssemos fazer uma enquete, neste Plenário, certamente todos nós concordaríamos com a premiação que “A lista de Schindler” recebeu na solenidade de entrega do Oscar, esta semana, porque é uma afirmação da negação do holocauto, e de todos os crimes que se cometeram e que se cometem contra a humanidade. Portanto, este argumento da raça pura, Coronel, acho que deveríamos esquecê-lo por um bom tempo, para não dizer para sempre. Em segundo lugar, Coronel, lamento que sempre que se trata destas questões referentes aos direitos de trabalhadores, como é o caso desses brigadianos, geralmente 90% das vozes que ainda usam como referência os chamados códigos da disciplina militar, enfim, partam, imediatamente para o enquadramento e para a afirmação da versão de que se trata de um motim ou de coisa semelhante, visivelmente esse caso não se trata de uma contestação do Alto Comando da Brigada Militar, visivelmente é uma manifestação de descontentamento com a jornada de trabalho e com as condições de trabalho.

Se para o Comando da Brigada e se para o Governador do Estado Alceu Collares esse fato é um problema puro e simples de enquadramento, portanto, basta a expulsão desses profissionais e está resolvido a assunto. Agora, eu gostaria de resgatar o aspecto que me parece relevante, que é aquilo que V. Ex.ª não nega na sua intervenção, que é o fato de serem vinte e duas pessoas, muitas delas chefes de família e que por uma interpretação - V. Ex.ª tem noções de Direito e sabe que existem várias formas de se interpretar uma norma - se interprete dessa forma, ainda autoritária e conservadora, os chamados códigos de disciplina. Ninguém aqui quer abolir a disciplina da Brigada Militar, todos nós entendemos que esse tipo de serviço pressupõe um mínimo de disciplina. Esse Plenário, por exemplo, pressupõe um mínimo de disciplina.

Agora, nós envergarmos a interpretação desses códigos para onde e para o local que está sendo levado neste momento, e acabou de ser levado por V. Ex.ª, me parece que é incorreto e equivocado. Portanto, se eu pudesse, nesse espaço breve, fazer um apelo a V. Ex.ª eu faria um, não só a V. Ex.ª, como à Câmara Municipal de Porto Alegre, que se abra um espaço aqui, nas instâncias da Câmara, pode ser neste Plenário ou na Comissão de Justiça e Redação, ou noutra qualquer, para ouvirmos, de viva voz, desses vinte e dois brigadianos, se eles de fato estão consumando, ou consumaram com o seu ato e com o seu baixo-assinado, um motim ao Comando da Brigada Militar.

Eu acho que esse tipo de contribuição a Câmara pode e deve dar. Eu quero dizer que estou me dispondo a encaminhar um contato com esses vinte e dois brigadianos, chamando eles à Câmara para que se rompa e supere preconceito que muitas vezes acabamos introjetando nesse tipo de discussão. Não acredito, sinceramente, que vinte e dois soldados estejam fazendo um motim com abaixo-assinado, onde eles, pura e simplesmente, reivindicam um pouco mais de atenção do comando para as questões concretas que eles acabaram de registrar aqui, ou seja, a jornada de trabalho e condições de trabalho. Portanto, era essa a minha manifestação sobre esse tema. Eu espero, evidentemente, que nessas próximas horas esses vinte e dois brigadianos venham até a Câmara para que possamos, de viva voz, ouvir a versão deles e fazer algum tipo de manifestação ou tomar algum tipo de iniciativa para que se instale antes da justiça, como V. Ex.ª já está propondo, a discussão sobre de que forma poderíamos contribuir para que esse tipo de situação não se repita mais nos nossos quartéis.

Acho que, de fato, a Câmara poderia dar esse tipo de exemplo, ou seja, nós não somos contra a existência de um código de disciplina interna. Agora, não achamos, sem dúvida nenhuma, que situações como essas devam pura e simplesmente, ser enquadradas a partir desse tipo de interpretação, negando, claramente, a discussão sobre a situação concreta em que esses profissionais, esses servidores, estavam cumprindo as funções das suas atividades profissionais. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Visivelmente não há quórum, por isso estou solicitando a suspensão dos trabalhos.

 

O SR. PRESIDENTE (Clóvis Ilgenfritz): Existem onze Vereadores no Plenário. Se V. Ex.ª quiser nós vamos conferir. (Após à chamada nominal.) Há dezenove Vereadores presentes. Havendo quórum, dá-se prosseguimento aos trabalhos.

O Ver. José Gomes está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. JOSÉ GOMES: Senhor Presidente e Senhores Vereadores. Eu quero, novamente, tocar nesse assunto, dizendo que o documento que o Ver. Pedro Américo Leal tem é um anexo de um abaixo-assinado. O Ver. Pedro Américo Leal, que prima tanto pela legalidade das coisas da caserna, sabe que esse documento que está anexado ao abaixo-assinado, não tem validade nenhuma, porque ele não está assinado pelos vinte e dois soldados. Não tem validade nenhuma. Por exemplo, onde diz: “Observação: o Pelotão se nega a ser entrevistado.” Ora, as palavras não poderiam ser dos soldados. Essas palavras só podem ser, e provém, de um oficial: “o pelotão se nega a ser entrevistado”. Não houve nenhuma ação por parte da direção da entidade para fazer com que esses vinte e dois soldados tomassem essa iniciativa.

Fomos informados às 12h30min do que estava acontecendo no quartel. Respeito a posição do Ver. Pedro Américo Leal quando defendo veementemente os oficiais da Brigada Militar, o que não consigo entender é porque existem dois pesos e duas medidas na Brigada Militar. O Ver. Pedro Américo Leal sabe o que aconteceu em Caxias do Sul com o Tenente Élcio de Carvalho. Como diz o Ver. Airto Ferronato: “Ora Vereador!” “Ora, vejam só!” O  homem comete um crime de assédio sexual, chega a tirar as calças dentro do quartel para mostrar a genitália para duas soldadas, é transferido de cidade e ainda é promovido, como se fosse uma promoção ficar nu dentro da caserna.

Enquanto esses vinte e dois soldados trabalham seis horas no sol, oito horas de serviço, quatorze horas, são expulsos da corporação porque pedem transferência para um outra unidade do quartel. “Ora, veja só!” Ver. Pedro Américo Leal, V. Ex.ª que, com tanta veemência defende a oficialidade, poderia jogar isso nas mãos do seu oficial, Cel. Coelho, e mostrar a ele que existem dois pesos e duas medidas nesta corporação. E aí não é a ira do ex-soldado José Gomes, do Ver. José Gomes, do dirigente da entidade, não é a ira de Vereador. Eu amo esta corporação, e por amar quero vê-la, pelo menos, respeitar os direitos daqueles que trabalham na rua. Se não houver respeito com aquele que trabalha na rua, o homem não vai ter respeito com o cidadão que paga impostos. É um princípio da reciprocidade; se ele não tiver os seus direitos garantidos, vai violar os direitos do cidadão na rua. Isso é elementar Ver. Pedro Américo Leal. Diga isso ao Cel. Coelho, diga isso ao Cel. Vanderlan, faça com que eles entendam que não há nenhuma manobra do PT. O PT está isento de tudo isso. Veja que esses companheiros simplesmente querem a transferência. Peça para ele ler esse jornal, vou dar-lhe a cópia desse jornal para V. Ex.ª mostrar ao Cel. Vanderlan. E quando ele julgar esses soldados, ele julgue também esse tenente, não usando dois pesos e duas medidas. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Há cinco Vereadores presentes no Plenário.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Quero deixar registrado que a Bancada do PPR é a única a estar, integralmente, no Plenário.

 

O SR. PRESIDENTE: Existe uma solicitação do Ver. Isaac Ainhorn para falar.

A palavra está com o Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente. Nós descemos das questões federais, até porque, curiosamente, esta Câmara no seu Grande Expediente, no seu Período de Comunicações, tem sido um fórum que mais discute questões federais do que, propriamente, as questões municipais. Reconheço que seja uma Casa política, mas há muitos assuntos para serem tratados no âmbito da Cidade de Porto Alegre.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Eu gostaria que fosse informado em que tempo fala o Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está inscrito no período de Comunicações.

 

O SR. ISAAC AINHORN: É curioso como certos colegas Vereadores são saudosos do tempo do autoritarismo e do arbítrio, mas as épocas são outras, Ver. João Dib. A época do arbítrio e do autoritarismo já se foi há muito. Nós teremos a responsabilidade de impedir que retorne e, se for necessário, faremos uma nova legalidade, Ver. Pedro Américo Leal, faremos uma nova legalidade.

Senhores Vereadores, eu gostaria de trazer ao conhecimento desta Casa fato que tomei conhecimento através do chamado Jornal do 4º Distrito e esta Casa não pode ficar alheia aos fatos ali relatados e a matéria do jornal refere que pais denunciam irregularidades na escola Municipal Ver. Antônio Júdice, excesso de faltas de professores abonadas pela direção, indisciplina generalizada, turmas sem professores titulares, pouco compromisso pedagógico, suspensão de aulas por qualquer motivo, funcionários registrando pontos sem trabalharem, despumprimentos de cargas horárias dos anos letivos de 1992 e 1993, péssima qualidade de ensino, professora com carga horária de oitenta horas em regime probatório, que é proibido por lei, discriminação e bajulação de alunos, preconceito de classes sociais e, pior, agressões físicas de professores a alunos resultando em denúncia por parte do Conselho Tutelar, gerando na Promotoria da Infância e da Juventude.

Esses fatos são uma denúncia que trago a esta Casa e que foi publicada no Jornal 4º Distrito. Trago a esta Casa porque envolve assunto ligado à Escola Municipal Antônio Júdice e que se encontra no âmbito dos assuntos desta municipalidade. Ver. João Motta, talvez V. Ex.ª possa, de pronto, me esclarecer em relação a essas denúncias, o que me deixará extremamente satisfeito.

 

O Sr. João Motta: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vou esclarecer, mas não hoje porque não tenho tempo e certamente não terá “quorum”. Fico feliz por algum Vereador ter levantado essa discussão no Plenário e gostaria de manifestar que esse próprio jornal que V. Ex.ª está lendo a matéria, foi o mesmo jornal do Adriano que negou o direito a resposta à direção da escola sobre essas denúncias que, na minha opinião, são infundadas, em grande parte, sobre direção da escola. Trata-se na verdade de uma nota que é resultado de um processo eleitoral democrático que houve naquela escola - nas escolas do Município, sabe V. Ex.ª que há eleição direta -, e em razão de um setor da comunidade ter pedido eleição, ter apoiado um candidato que perdeu, está fazendo uma série de denúncias, que na minha opinião são infundadas, contra a atual direção eleita democraticamente pelo voto da comunidade escolar.

Este é um assunto ao qual iremos votar, e eu tenho dados sobre cada um desses itens que esse jornal levantou de uma forma equivocada e leviana, e não está, até hoje, admitindo o direito de resposta para a direção da escola.

 

O SR. ISSAC AINHORN: Eu agradeço às informações que me foram prestadas. Agora, veja V. Ex.ª Ver. João Motta, as denúncias trazidas por esse jornal são extremamente sérias, se forem verdadeiras, cabe a esta Casa esclarecê-las, ter até uma explicação. Quem sabe até da própria diretora da Escola. E neste sentido, como envolve matéria de educação, envolve uma escola Municipal, envolve questões de violação de leis, evidentemente, eu entenderia que caberia um convite à direção dessa escola para vir aqui, ou senão melhor - eu vou inclusive avaliar, Ver. João Motta -, mas entendo que a Comissão de Educação e a Comissão de Justiça desta Casa, Ver. Clóvis Ilgenfritz, devem fazer uma inspeção lá na Escola Municipal Ver. Antônio Júdice para esclarecer estas denúncias, e, inicialmente, até, Ver. Giovani Gregol, ouvir a diretora da Escola para saber o que ela tem a dizer e respeito dessas denúncias, e fazer uma inspeção nos próprios livros da escola, feitas pelas Comissões Permanentes desta Casa: Comissão de Justiça e Educação.

 

O Sr. João Motta: Ver. Isaac Ainhorn, conheço V. Ex.ª e tenho certeza que V. Ex.ª não seria imprudente em partir do pressuposto de que isto está na nota corresponde à realidade.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Não há dúvida nenhuma. Não estou dizendo isso. Tanto é verdade, Vereador, que eu presido a Comissão de Justiça, V. Ex.ª é membro da Comissão de Justiça e sabe que nós já recebemos denúncia infundada contra órgão da administração Municipal e nós determinamos o arquivamento daquela denúncia, porque ela não tinha o menor fundamento. Agora, se V. Ex.ª, no curso desses próximos dias, me informar e me der os esclarecimentos necessários sobre esse assunto, eu me sentirei plenamente satisfeito, e se forem convincentes as explicações que me forem dadas, não vou levar esse assunto adiante.

 

O Sr. João Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Isaac Ainhorn, quero dizer a V. Ex.ª que a integralidade da Bancada do PPR aprecia o pronunciamento de V. Ex.ª quando denuncia graves acontecimentos na administração do Partido dos Trabalhadores. A nossa saudação.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Agradeço a V. Ex.ª, Ver. João Dib. Veja V. Ex.ª que no mérito e na forma a denúncia tinha que ser feita e eu estava devidamente, habilmente inscrito no tempo de Comunicação, momento exato e adequado para tal fim, no livro próprio, o que me fez usar este tempo de Comunicação e o que levou à improcedência da Questão de Ordem - meio autoritária, é verdade - formulada por V. Ex.ª. V. Ex.ª tem ainda o veso e um pouco do ranço do autoritarismo, mas é um bom sujeito e um bom homem e uma pessoa que tem a estima da Casa, embora a gente tenha que conviver com as qualidades e os defeitos das pessoas. O defeito é um pouco de veso autoritário dos vinte anos de ditadura, mas isso a gente entende e é irmão de V. Ex.ª. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Elói Guimarães, em Comunicações.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. A Casa Legislativa da Cidade historicamente sempre esteve encartada, foi termômetro, para avaliar as questões que dizem com o interesse nacional. Sr. Presidente, Srs. Vereadores, estamos vivendo, na minha opinião, uma hora bastante complexa da vida nacional. Chama-nos a atenção que um simples fato, uma decisão de um dos Poderes, ou de dois Poderes da República, possa causar tanto debate, tanta celeuma, a ponto de ameaçar a democracia. Fico estarrecido ao ouvir de jornalistas, em programas de rádio e televisão, pedindo, abertamente, a fujimorização do Brasil. É o golpe, pelo menos na retórica, que, na minha opinião, se constitui num delito às instituições democráticas: uma tentativa, um atentado às instituições democráticas. Eu acho que é pouca lenha para muito fogo. Há declarações, inclusive da área militar, setores militares, da reserva, que podem e devem fazer declaração, mas há limite para declaração. Toda a análise não pode, jamais, enveredar contra a democracia. O que fez o Congresso Nacional? O que fez o Poder Judiciário, o STF? Tomaram uma decisão que pode, pelos mecanismos internos, ser reavaliada, ou mesmo - e aí há recursos em nível de Senado - redefinir este quadro. Mas não, o que estamos vendo é um avanço assustador contra a democracia. E esta Casa, como os demais segmentos nacionais, comprometidos com a liberdade e a democracia, tem que começar a colocar suas posições.

Quero colocar o nosso entendimento de que vamos reagir, sim, à tentativa de golpe às instituições. Vamos declarar, para ver se sai nas empresas comprometidas, que nós, democratas, vamos reagir ao atentado às instituições. E não tenho dúvidas de que não se trata aqui de fazer uma divisão entre fardados e à paisana. Eu tenho absoluta certeza de que, também, nas áreas da segurança nacional existe, aí, exatamente aqueles que querem a democracia, porque sabem que só na democracia é possível abrir-se um debate nesse nível. Se não tivéssemos a democracia, não teríamos esse debate para podermos reavaliar o comportamento das instituições, ou melhor dito, o comportamento dos poderes que integram a Federação, a própria República.

Então, é bom que se diga que nós vamos reagir à tentativa de golpe às instituições, porque os países, as nações, historicamente, experimentaram as ditaduras, sejam elas da direita ou da esquerda. Nós não queremos ditadura. Lamentavelmente, se fala para as paredes. Já há algum tempo vêm-se falando para as paredes. Porque há toda uma articulação com esses meios de comunicação, na sua maioria comprometidos com um modelo. Então, o que há por atrás disso? Mas os militares estão numa situação salarial, no dizer de muitos, de mendincância. A situação salarial dos militares é insuportável. Mas como é que os militares podem entrar nesse jogo? Pois me parece que é um jogo. Oxalá, Ver. Pedro Américo Leal, seja um jogo! Como é que eles entram nesse jogo para justificar alguma coisa? Quem sabe um possível fracasso no plano econômico. Justificar, ou tentar com essa mobilização é fazer com que os assalariados não saiam às ruas. Pegou-se essa questão pequena para comprometer a democracia, a partir de uma decisão do Congresso ou do Supremo Tribunal Federal. Pegou-se essa questão, talvez, para assustar a sociedade, os trabalhadores e os assalariados que foram - vamos usar o termo popular - roubados, porque calcular-se os salários pela média é tirar-se do trabalhador parte do seu salário diminuído e confiscado. Então, fico a me indagar: como é que os militares entraram nesta aí contra o Supremo? Pode-se discutir se o Ministro ganha muito ou pouco, mas o Supremo fez, o que fez com absoluta correção na forma dal lei: transformou os salários na URV do dia, conforme determina a lei.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) O que se discute agora não é exatamente esse episódio. O que se discute é que a isonomia, que é um parágrafo constitucional, está sendo afastada, com todas essas investidas, de ser realizada. A isonomia dos três poderes não é realizada porque os poderes que possuem dotação orçamentária própria, que recebem numerário até o dia 20 criam funções gratificadas. Por mais que o ilustre Ministro Romildo Caim, da Secretaria de Administração Federal, queira fazer a isonomia ele não consegue, porque nem o Legislativo e nem o Judiciário permitem. É como se V. Ex.ª corresse atrás de uma coisa continuamente inacessível. Até quando? Temos que colocar um ponto final nisto! São secundárias as ocorrências do Supremo Tribunal Federal e do Congresso; é mais um malabarismo para que a isonomia não seja feita. Vai haver um momento em que teremos que cumpri-la. Não podemos recuar!

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sou grato a V. Ex.ª. É um debate em que temos que prosseguir, porque essa história de dizer que não há mais espaço para os golpes e ditaduras... Fomos surpreendidos com a “fugimorização”. Penso que os segmentos democráticos brasileiros devem estar atentos a esta realidade. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Ver. Elói Guimarães que assine embaixo o documento.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Peço que registre nos Anais  da Casa que o PPR está presente integralmente.

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito que seja registrado o pedido do Ver. Dib assim como o do Ver. Jocelin Azambuja, Ver. João Verle, Ver. Lauro Hagemann, Ver. Henrique Fontana, Ver. João Motta, Ver. José Gomes e este que preside a Mesa.

 

(Encerra-se a Sessão às 17h43min.)

 

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